Um pouco de Macapá através dos olhos de uma recém chegada.

10 de setembro de 2010

Filme Tainá 3 é gravado no Amapá

Hoje vou postar uma reportagem especial que fiz sobre o filme Tainá 3. O materia foi publicado no Diário do Amapá de 22 de agosto. Tive oportunidade de acompanhar gravação de algumas cenas e de entrevistar atores como Grancindo Júnior e Guilherme Berenguer (pensem num pernambucano arretado de gente boa). Foram dois dias maravilhosos que rendeu esse material (espero que gostem) e boas lembranças.


Ilha de Santana é cenário para filme Tainá 3

Natália Campos


A rotina dos moradores da Ilha de Santana mudou desde o dia 17, com o início da segunda e última fase das filmagens do longa-metragem Tainá 3 – A Origem. A equipe do filme grava no Amapá até dia 26, e é aqui que serão rodadas cenas fundamentais da história. A primeira etapa das filmagens ocorreu entre os meses de julho e meados de agosto nas localidades paraenses de Alter do Chão, localizada a 32 quilômetros de Santarém, no Pará.

“Filmar no Amapá está sendo ótimo, temos um filme que é 100% externa, então precisamos contar com a ajuda da natureza para não atrasar as gravações, não temos como controlar isso. A floresta aqui é muito bonita, tem verdes diferentes, as locações da oca do Tigê e da grande árvore são belíssimas, e é aqui no Amapá que a história começa e termina”, documenta a diretora do filme, Rosane Svartman, referenciada pelo trabalho realizado durante anos no programa Casseta e Planeta, da Rede Globo.

Na Ilha de Santana, além da equipe do filme, composta por 62 profissionais, foram contratadas mais 40 pessoas para trabalhar na etapa de produção e filmagem. Foi mão de obra local, por exemplo, que ajudou a equipe de arte a confeccionar o material necessário para construir as paredes da oca do vô Tigê. “O apoio que estamos recebendo para fazer as gravações aqui e a floresta são fundamentais para nosso trabalho, a população também nos acolheu muito bem e durante esse mês estamos gerando emprego”, conta o diretor de produção, Pingo.

O terceiro filme sobre a indiazinha Tainá conta sobre a origem da guerreira, que foi encontrada pelo vô Tigê, interpretado pelo ator Grancindo Júnior, aos pés da grande árvore. “Tainá 3 é um filme sobre a origem da Tainá, a busca de quem ela é filhe, de onde veio, e nessa trajetória vive aventuras que faz com que ela se torne a guerreira que o público viu em Tainá 1”, conta a diretora Rosane Svartman.

As aventuras são protagonizadas pela índia Tainá e a menina Laurinha, que juntas vão combater o contrabandista de madeira da região, Vítor, interpretado por Guilherme Berenguer. “Este é o meu primeiro vilão, as pessoas estão acostumadas a me ver como mocinho das histórias”, comenta o ator, que precisou ter um cuidado especial para montar o personagem, já que contracena com crianças e a produção é voltada para o público infantil.

Para o ator, o filme trouxe a oportunidade de fazer coisas diferentes. “Algumas cenas foram realmente difíceis, mas não por se tratar de um vilão, mas por precisar realizar coisas que nunca tinha feito antes”, afirma. A presença de Guilherme Berenguer na pequena e pacata Ilha de Santana mudou o cotidiano das pessoas, principalmente das fãs, que esperavam por qualquer oportunidade para pedir autógrafos ou fotografar, e esse carinho do público também marcou o ator. “Sem dúvidas trata-se de um projeto que já marcou muito a minha carreira, pois proporcionou eu conhecer e viver coisas emocionantes”, relata.

A saga da produção do filme começou para encontrar a nova atriz que viveria a indiazinha defensora da natureza. Após dois anos e meio de procura, produtores do escolheram a indía Wiranú Tembé, de cinco anos, que vive em uma aldeia da etnia tembé, nos arredores de Paragominas, no Pará. Como o português não é sua principal língua, Wiranú precisou de ajuda das colegas para se comunicar.

A atriz Eunice Bahia, que representou Tainá nas duas versões já lançadas do filme, chegou a comentar que a escolha foi acertada, pois quando olha para Wiranú se vê quando tinha seis anos. A pequena Wiranú é realmente perfeita para o papel da pequena guerreira, corajosa e esperta como Tainá. A índia corre pelo set, sobe em árvores, atua como quem brinca.

“Ela vai ser uma das maiores descobertas de atriz para cinema que eu já vi na minha vida, ela tem uma presença cênica, uma inteligência de atriz que é raro descobrir, a cada dia aprende mais”,

garante Gracindo Júnior, que pela primeira vez esteve no Amapá.

O renomado ator conta que se interessou muito em fazer o filme, pois o roteiro, apesar de dirigido para o publico infantil, é altamente ecológico, fala de uma possibilidade de vida em convivência com a natureza, “não essa coisa alucinada

de lutar por dinheiro e poder, que é possível uma vida melhor, e que os indígenas provam a cada dia como é viável ter essa relação”.

Outra atriz mirim que tem destaque em Tainá 3 é Beatriz Santos Noskoski, que interpreta Laurinha, menina da cidade que contará com a ajuda de Tainá para salvar o avô das mãos de Vítor (Guilherme Berenguer). Beatriz também passou por seletivas, concorrendo com mais de três mil candidatas.

O filme é uma produção da Sincrocine Produções Cinematográficas e deve chegar às telas em janeiro do ano que vem.


Produção de Tainá 3 resgata cultura amapaense

Enquanto estiveram em gravação no estado do Pará, a produção do filme Tainá 3 lançou em seu site (www.taina3.com.br) uma campanha pelo reflorestamento da Amazônia. A ação consistia em cada internauta que acessasse plantaria uma árvore virtual, que posteriormente se tornaram árvores reais, plantadas no Pará, em parceria com o horto de Santarém.

Com o início dos trabalhos da Ilha de Santana, a equipe do filme desenvolveu ações de diferentes aspectos em benefício da comunidade. Alguns já estavam previstos, outros surpreenderam a todos quando começaram a ser desenvolvidos. A diretora de arte Emily Pirmez foi a primeira a chegar ao Amapá, com a missão de preparar o cenário da Oca do vô Tigê.

“A casa de um índio idoso precisa ser cheia de detalhes, queríamos um conceito que mostrasse toda a cultura indígena. Precisava de alguém que tecesse para construir a casa, e por indicação cheguei à Dona Ginoca, a única moradora da ilha que sabia fazer o trançado que eu precisava para forrar as paredes”, contou Emily Pirmez

A diretora de arte tinha apenas uma semana para ter a oca pronta, mas Dona Ginoca trabalhando sozinha não daria conta. Além do trançado, eram necessárias pessoas que colhessem na mata o buriti. A primeira mobilização contou com a participação de filhos e netos de Dona Ginoca, mas ainda não era suficiente.

“Eu tinha pressa, e contei com a ajuda de Dona Ginoca, mas sugeri que ela ensinasse outras pessoas como fazer o trançado, e ela foi coordenando naturalmente isso tudo, no final eu tinha trinta pessoas só trabalhando no trançado”, disse Emily Pirmez.

A participação dar juventude foi o que mais surpreendeu a produção, e o que era um trabalho familiar se transformou numa universidade, houve uma integração entre os mais velhos e os mais jovens, que aprenderam a trançar e passaram a se orgulhar, ficaram ávidos por aprender.

“Esse pessoal é muito carente de uma atividade cultural na Ilha, é um mundo muito receptivo, só precisam de alguém para coordená-los, estruturá-los, e o que fizeram pelo filme podem fazer por eles mesmos, para resgatar essa cultura e comercializar o material produzido”, comentou a diretora de arte, que acredita também que esse trabalho foi capaz de levantar a auto-estima da comunidade, e espera que após concluídas as gravações, alguém dê continuidade às atividades que foram iniciadas.

A produção também trabalhou para melhorar o acesso à Ilha de Santana, cobrindo buracos nas estradas para que carros pudessem entrar. O local também foi sinalizado, com placas que indicam os caminhos. Uma escola que estava abandonada foi reformada para que a equipe pudesse usufruir da estrutura, trocando iluminação e revitalizando salas e banheiros.

Para Emily Pirmez, os trabalhos dentro da Ilha devem continuar. “Trouxemos beneficiamentos, mas tem muito mais a ser feito. O que fizemos vai ficar, mas desejo que seja bem aproveitado, e os cenários, por exemplo, atraia o turismo para o local”.


2 comentários:

Gidélia Campos disse...

Parabéns filha!!! Estou feliz e orgulhosa do seu trabalho. Grata a Deus e a todos que aí te acolheram!! Bjos

Anônimo disse...

Tô doida para correr para o cinema e ver esse filme; sou fão da Tainá, gostei do primeiro filme, amei o segundo, e vou gostar e amar o terceiro